Arquivo Augusto Pires Celestino da Costa
Nível de descrição
Fundo
Código de referência
PT/FCT/ACC
Tipo de título
Controlado
Título
Arquivo Augusto Pires Celestino da Costa
Datas de produção
1895
a
1956
Dimensão e suporte
Documentos textuais e iconográficos: papel A4 e outros formatos
Extensões
0,08 Metros linear
Entidade detentora
Fundação para a Ciência e a Tecnologia
História administrativa/biográfica/familiar
Augusto Pires Celestino da Costa (1884-1956) foi um médico, investigador e cientista português. Natural de Lisboa, filho de Pedro Celestino da Costa, coronel morto nos tiroteios da madrugada de 4 de outubro de 1910, graduou-se em Medicina pela Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, em dezembro de 1905, com uma tese sobre as glândulas supra-renais. Foi aluno de Mark Athias no Laboratório de Histologia do Hospital de Rilhafoles, «assistente livre» no Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, entre 1907 e 1910, neste mesmo período realizando diversos estágios de curta duração no estrangeiro, dos quais se destacam os que realizou no Instituto Anátomo-Biológico de Berlim sob orientação de Oscar Hertwig, entre 1906 e 1907, e na Bélgica, no laboratório de Albert Brachet (1869-1930) com quem manteve correspondência.Em 1910, reingressa na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa como «preparador de Histologia e Fisiologia» e pouco depois (em 1911), na sequência de concurso, veio a ocupar o lugar de assistente, da entretanto criada Faculdade de Medicina, na primeira Reforma do Ensino da nova República Portuguesa. Aqui fundou Celestino da Costa o Instituto de Histologia e Embriologia, juntamente com Pedro Roberto Chaves, Luís Simões Raposo e Alfredo Magalhães Ramalho. Pela mesma época, publicou trabalhos em revistas científicas internacionais como o Buletin de l'Académie Nationale de Médecine (Paris) ou o Compte-Rendu de l'Association des Anatomistes, agremiação de que foi membro a par de Mark Athias. Celestino da Costa era então, já por essa altura, especialista mundialmente reconhecido de Histologia e Endocrinologia, respeitado pelas suas investigações em torno da Morfologia e função das glândulas suprarrenais nos mamíferos. Sócio fundador da Sociedade Portuguesa de Ciências Naturais em 1907, Celestino da Costa veio a integrar a direção do Aquário Vasco da Gama, com Mark Athias e outros especialistas portugueses, sob a direção de Anthero de Seabra. Mais tarde, assumiu a direção do mesmo equipamento (entre 1916 e 1923), sendo de permeio nomeado diretor do Laboratório Central de Análises Clínicas dos Hospitais Civis de Lisboa (em 1919). Com Mark Athias e Abel Salazar fundou, entretanto, os «Arquivos Portugueses de Ciências Biológicas» e a Sociedade Portuguesa de Biologia. Bolseiro da Fundação Rockefeller, realizou uma estadia no Laboratório de Embriologia da Universidade de Londres (University College), em 1934. Investigador diligente e prolífico, inteiramente empenhado no desenvolvimento da educação, da cultura e da ciência em Portugal, Celestino da Costa desempenhou um papel fundamental na inscrição da Ciência entre os negócios políticos, na Junta de Educação Nacional, de que foi sucessivamente vogal, vice-presidente («do ramo de sciências») e presidente, entre 1929 - ano da criação deste organismo - e 1936, ano em que assumiu a presidência do Instituto para a Alta Cultura. Próximo do entendimento de António Sérgio e do grupo da Seara Nova no conceito evolucionista da educação e do progresso científico e técnico, fora membro fundador da Liga de Acção Nacional e signatário do seu manifesto (1918), sócio e presidente da Sociedade de Estudos Pedagógicos, colaborador de «Homens Livres», publicação de vida efémera onde analisa « O problema da investigação scientífica em Portugal» (no nº 2, 12 de dezembro de 1923). Grande amigo da cidade de Lisboa, a esta dedicou alguns estudos ou roteiros como «Introduction à la connaissance de Lisbonne», publicado pela Bertrand em 1933, ou a conferência que proferiu em 1941, no rescaldo das comemorações centenárias, sobre «Lisboa, capital de Portugal», tendo presidido à Junta Directiva do Grupo dos Amigos de Lisboa, em 1947. Assinou regularmente diversos verbetes sobre Medicina, Microscopia e Biologia na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, tendo publicado obras de divulgação científica pela Biblioteca Cosmos de Bento de Jesus Caraça, bem como livros técnicos especializados como o «Manual de Técnica Histológica» (realizado em parceria com Pedro Roberto Chaves), que teve uma primeira edição em 1921, destacada por Abel Salazar pela «notabilíssima realização». Em 1938 publicou, em francês, o seu Manual de Embriologia («Éléments d'embryologie», Paris, Masson et Ce., com 2ª edição de 1948), que teria uma versão castelhana em 1945. A ele se devem muitos dos esquemas e diagramas histológicos com que ilustrou os seus trabalhos científicos, bem como a promoção da microfotografia, técnica que historiou num opúsculo publicado em 1940. Celestino da Costa assumiu, igualmente, a direção da Faculdade de Medicina e tomou parte ativa na realização do Congresso da Association des Anatomistes na cidade de Lisboa, em abril de 1933, uma proposta que remontava a 1927 quando com Albert Brachet na presidência, foi vice-presidente do Congrès da Association des Anatomistes realizado em Londres, nesse mesmo ano. Foi secretário-geral da Sociedade Anatómica Portuguesa e, entre 1946 e 1949, presidente da direção da Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa. Em 1947, o seu nome integrou a lista de personalidades abrangidas pela pena de aposentação compulsiva decretada pela Presidência do Conselho em 18 de junho. Reintegrado, professor jubilado da Faculdade de Medicina de Lisboa (FML), continuou a sua atividade como investigador e diretor do Instituto de Histologia e Embriologia (IHE). Augusto Celestino da Costa faleceu em Lisboa, em 27 de março de 1956, no decurso da 43ª reunião da Association des Anatomistes a cujos trabalhos assistia na qualidade de presidente. Membro de diversas agremiações internacionais de ciência, entre as quais a Association des Anatomistes (de França), o Colégio Anatómico Brasileiro e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Zoological Society of London, a Académie Royale de Médecine de Belgique, de que fora eleito membro honorário correspondente estrangeiro, em 1939, membro titular do Institut International d'Embryologie, foi distinguido com o grau de Doutor Honoris Causa pelas faculdades de medicina de São Paulo (Brasil), Bordéus, Toulouse e Montpellier. Celestino da Costa foi, igualmente, Conselheiro de honra do Consejo Superior de Investigaciones Científicas de Espanha, agraciado com o grau de Comendador da Légion d'Honneur de França, em 14 de junho de 1951. Celestino da Costa deixou uma extensa obra bibliográfica, técnica e científica - privilegiando a Histologia, a Embriologia, a Endocrinologia, a Biologia Celular, a Microscopia -, mas também cultural e cívica, em prol da educação científica e da investigação nacional.
Localidade
Portugal, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Avenida Prof. Egas Moniz, 1649-028 Lisboa; Portugal, IHE - Instituto de Histologia e Embriologia - Faculdade de Medicina de Lisboa, Avenida Prof. Egas Moniz, Lisboa. Junta de Educação Nacional.
Funções, ocupações e atividades
Augusto Celestino da Costa foi investigador, professor e diretor da Faculdade de Medicina de Lisboa, membro fundador do Instituto de Histologia e Embriologia. Foi também administrador e ativo promotor de políticas públicas de ciência, tendo desempenhado funções de vogal, vice-presidente e presidente da Junta de Educação Nacional. Foi presidente do Instituto para a Alta Cultura e membro de numerosas agremiações e sociedades científicas nacionais e internacionais.
Contexto geral
Celestino da Costa iniciou a sua atividade científica e cultural em 1904-05, nos anos finais da Monarquia, graduando-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa. Desde então o seu nome associou-se à promoção da investigação científica portuguesa, assim como à promoção de uma política de gestão de ciência, de formação científica e de educação universitária, que não deixou nunca de encorajar e defender publicamente até ao seu falecimento, em 1956. A documentação produzida reflete pois as qualidades de investigador e humanista empenhado que foi Celestino da Costa, no contexto político nacional (mas também internacional), entre os anos 20 e 40, ou seja, no quadro de afirmação da República portuguesa e do seu novo regime parlamentar, até à instauração plena da ditadura do Estado Novo. A documentação acompanha, pois, o percurso de Celestino da Costa enquanto professor e diretor do Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina de Lisboa, investigador ativo em redes internacionais de ciências, membro comprometido com diversas sociedades científicas e organismos de governação de ciências, na primeira metade do século XX.
História custodial e arquivística
Documentação acumulada e conservada por José Francisco David Ferreira, na qualidade de investigador e docente, diretor do Instituto de Histologia e Embriologia, antigo aluno e assistente de Celestino da Costa. A presente coleção documental permaneceu, na sua maior parte, no Instituto de Histologia e Embriologia da Faculdade de Medicina de Lisboa. A documentação autógrafa, produzida por Augusto Celestino da Costa ou a ele dirigida por diversas personalidades, foi isolada e extraída do restante conjunto de documentação do Arquivo David Ferreira.
Fonte imediata de aquisição ou transferência
Documentação doada à Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) por via de um protocolo celebrado entre esta instituição, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa e a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, em 28 de maio de 2013. A documentação incorporada na FCT proveio de duas fontes complementares: do gabinete que José Francisco David Ferreira ocupou na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, até à data do seu falecimento em 2012; da residência do mesmo investigador e académico, tendo sido entregue de forma faseada pelos herdeiros de José Francisco David Ferreira.
Âmbito e conteúdo
A documentação preservada relaciona-se com as atividades que Celestino da Costa desempenhou ao longo da vida: investigador, professor, gestor público de ciência. O acervo inclui, maioritariamente, provas de autor de artigos científicos, correspondência trocada entre Celestino da Costa e outras personalidades das ciências e da cultura portuguesas, recortes de imprensa, e outros numerosos escritos de caráter profissional como relatórios, pareceres, atas da Junta de Educação Nacional ou do Instituto para a Alta Cultura. Entre a documentação, encontram-se ainda alguns escritos esparsos do filho de Augusto Celestino da Costa, Jaime Augusto Croner Celestino da Costa (1915-2010) que fora aluno do pai, médico como ele e, desde 1941, assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa; mais tarde foi chefe de serviço do Hospital de Santa Maria.
Sistema de organização
A documentação foi, provavelmente, reorganizada por José Francisco David Ferreira na qualidade de colecionador/compilador, mantendo-se tanto quanto possível a ordenação original.
Condições de acesso
Decreto-Lei nº 16/93, de 23 de Janeiro, Regime geral dos arquivos e do património arquivístico (alteração: Lei nº 14/94, de 11 de Maio); Lei nº 67/98, de 26 de Outubro, Lei da protecção dos dados pessoais.
Condições de reprodução
A reprodução de documentos obedece ao estipulado no Regulamento do Arquivo Histórico de Ciência e Tecnologia da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P.
Idioma e escrita
Em português (por), contendo documentos em outras línguas, nomeadamente inglês (eng), francês (fra), espanhol (spa) e alemão (ger).
Características físicas e requisitos técnicos
O estado de conservação do acervo, no seu conjunto, é razoável. No entanto, uma parte da documentação incorporada requer restrição no seu manuseamento, pois encontra-se em mau estado (papel amarelecido, manchado, rasgado e deteriorado nas margens). Esse envelhecimento é atribuível à antiguidade e a más condições de conservação, bem como à prática frequente da reutilização de suportes em Celestino da Costa.
Instrumentos de pesquisa
Tabela de dados