Luís Ernani Dias Amado nasceu em Lisboa em 19 de janeiro de 1901, tendo falecido na mesma cidade em 22 de janeiro de 1981. Estudou no Liceu Pedro Nunes, matriculando-se na Faculdade de Medicina de Lisboa, em 1918. No curso de medicina que apenas inicia no ano letivo de 1919-1920, foi aluno de, entre outros, Augusto Celestino da Costa, Zeferino Falcão, Custódio Cabeça, José Rebelo. Licencia-se em Medicina em 1925 com a tese «Contribuição para o estudo das células de Nicolas», já então se encontrava assistente convidado («livre») da cadeira de Histologia e Embriologia.
Exerceu a prática clínica até 1932, ano em que concorreu ao lugar de assistente de análises clínicas dos Hospitais Civis de Lisboa, desempenhando funções no Hospital de Arroios e em outras unidades de saúde da capital. Em 1942 obtém o Doutoramento em Medicina com a tese «Complexos neuro-epiteliais e neuro-epitelióides», ingressando, no ano seguinte, no lugar de primeiro assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa. Interessa-se pelos problemas de morfologia, biologia celular, bioquímica, circulação sanguínea, metabolismo e endocrinologia, publicando diversos artigos em revistas da especialidade. Em 1944, é nomeado chefe dos serviços de Análises Clínicas dos Hospitais Civis de Lisboa.
Luís Ernani Dias Amado foi iniciado no Grémio Lusitano/Grande Oriente Lusitano (GOL) em junho de 1928. Em 1931, adere à Aliança Republicana e Socialista. Em 1937, vem a integrar o Conselho da Ordem do GOL e em 1956 é nomeado Grão mestre adjunto, presidente do Conselho da Ordem, a partir de 1957 e até 1975, ano em que ascende a Grão mestre efetivo. Dias Amado teve um papel ativo na reorganização da maçonaria depois da Revolução de 1974, até ao seu falecimento em 1981. Foi colega, amigo pessoal e compadre de Bento de Jesus Caraça e dos pintores Carlos Botelho e Nikias Skapinakis. Militante republicano e anti-fascista filiou-se na União Socialista (1945), no MUNAF e depois MUD, a partir de 1946. Integrou as Comissões de Honra das candidaturas à presidência da República de Norton de Matos (1949) e Humberto Delgado (1958). A sua lealdade democrática republicana coloca-o na mira da polícia política portuguesa: atingido pela ordem de demissão compulsiva emanada do Decreto de 18 de junho de 1947, não regressará à Universidade onde se graduara, até 1975, ano em que administrativamente obtém a reintegração na Universidade de Lisboa. Durante este período, prossegue a sua carreira de investigação e clínica no seu laboratório particular bem como - a título oficioso - no Instituto Português de Oncologia. Coordena o projeto editorial da Enciclopédia Médico-Cirúrgica Luso-Brasileira, publica com alguma regularidade na imprensa genérica diversos artigos sobre medicina e política: «Egas Moniz e a investigação científica» (1950), na Seara Nova; «Panorama científico - Abel Salazar» (1947), no Mundo Literário; «Cinco de outubro e a universidade», no jornal República, etc., colaborando igualmente na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, na Biblioteca Cosmos de Bento de Jesus Caraça («Organização da matéria viva», 1942; «A organização fundamental dos seres vivos», 1944). Publica ainda com regularidade na imprensa biomédica, p.e., no «Bulletin» e nas «Archives Portugaises des Sciences Biologiques», na «Imprensa Médica», entre outros. Fez parte de várias agremiações científicas, entre as quais, a Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, a Sociedade Portuguesa de Bioquímica, a Sociedade de Ciências Médicas, a Sociedade Portuguesa de Anatomia, a Association des Anatomistes ou a Sociedade Portuguesa de Medicina Laboratorial - a que presidiu em 1967, depois de ter exercido como seu Secretário Geral -, a Sociedade Portuguesa de Biologia, por fim. Em 1969, integra a Comissão de Trabalho do Congresso Médico Nacional, por Lisboa.
Presidente da mesa da Assembleia Geral da Liga Portuguesa dos Direitos do Homem, signatário do «Programa para a democratização da República», apresentado publicamente em maio de 1961, com Mário de Azevedo Gomes, Francisco Salgado Zenha, Mário Soares, António Alçada Baptista, Nikias Skapinakis, João Varela Gomes e outros, é novamente preso sob a acusação de atentar contra «a segurança do Estado». Julgado em 1964 é absolvido. Fez parte do conselho de administração do jornal República, dirigido por Jaime Carvalhão Duarte, integrou a «Acção Democrato-Social», constituída em 1963 a partir do Diretório Democrato-Social, movimento que agregava antigos militantes republicanos e opositores ao Estado Novo, subscritor de numerosas representações de protesto levadas aos presidentes da República, contestando a repressão e a ausência de liberdades civis e políticas. Investigador metódico, disciplinado e bem humorado, homem de caráter independente e corajoso, Luís Ernani Dias Amado foi agraciado a título póstumo com o titulo de Grande Oficial da Ordem da Liberdade em 14 de abril de 1982.