Arquivo Fernando Roldão Dias Agudo

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Arquivo Fernando Roldão Dias Agudo

Detalhes do registo

Nível de descrição

Fundo   Fundo

Código de referência

PT/FCT/FRDA

Tipo de título

Formal

Título

Arquivo Fernando Roldão Dias Agudo

Título paralelo

Arquivo Dias Agudo

Datas de produção

1911  a  1992 

Dimensão e suporte

Documentos textuais: Papel A4 e outros formatos

Extensões

18 Caixas
2 Metros lineares

Entidade detentora

Fundação para a Ciência e a Tecnologia

História administrativa/biográfica/familiar

Fernando Roldão Dias Agudo nasceu em Mouriscas, Concelho de Abrantes, em 25 de novembro de 1925, tendo estudado no Liceu de Santarém, na sequência do estabelecimento da família na vila de Entroncamento, em 1936. Vem para Lisboa, ingressando em 1943 na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa para frequentar o Curso de Ciências Matemáticas que conclui em 1947 sendo o seu trabalho «Sobre um Teorema de Kakeya» distinguido com o Prémio Nacional Gomes Teixeira. Em seguida, matricula-se no Curso de Engenharia do Instituto Superior Técnico que conclui em 1951. Regressa à Universidade de Lisboa, onde realiza o Doutoramento em Matemática, em 1955. Bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 1957 e 1958, passa uma temporada nos Estados Unidos como investigador visitante da Universidade de Berkeley na Califórnia. Inicia a sua carreira profissional como Assistente da Universidade Técnica de Lisboa em 1948, sendo posteriormente (1955) 1º Assistente de Matemática na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, professor extraordinário de Análise e Geometria (a partir de 1963), catedrático de Matemática da mesma Universidade em 1968. No contexto do «Plano Intercalar» [de Fomento], Dias Agudo assume o cargo de coordenador nacional da equipa-piloto encarregue de efetuar o levantamento das necessidades em matéria de Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento económico e social (1966-1968). Data dessa época a inscrição da investigação científica como matéria de planeamento, reconhecendo-se então duas "modalidades" complementares: a investigação ligada ao ensino (universitário) e a investigação não ligada ao ensino (laboratórios, indústria). Entre 1970 e 1972, passa uma temporada em Moçambique, lecionando na Universidade de Lourenço Marques, Maputo. Em 1973, toma posse como Diretor da Faculdade de Ciências de Lisboa, sendo chamado à presidência da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, no seguimento do golpe militar que derrubara a ditadura do Estado Novo, em 25 de abril de 1974, cargo que assume em outubro de 1974. Em 1975, integra o corpo docente da Universidade Nova de Lisboa. Em 1976, pede a exoneração do cargo de presidente da JNICT, ingressando em 1977 nos quadros do recém-criado Instituto Nacional de Investigação Científica, INIC, na qualidade de Secretário do «Conselho Consultivo das Ciências Exactas» (um dos quatro Conselhos Consultivos que formavam o Instituto), bem como de Coordenador da Subcomissão de Matemática, sob a presidência de João Miller Guerra, sendo vice-presidente César Viana. Em 3 de setembro de 1980, toma posse como presidente do INIC, cargo que desempenhará até 1983. Sócio efetivo da Academia das Ciências desde 1979, membro do Conselho Executivo da Fundação Europeia de Ciência (European Science Foundation), da Sociedade Portuguesa de Matemática, autor de diversos estudos sobre a história do pensamento matemático e das ciências, Dias Agudo regressará à vida académica após o termo da sua comissão de serviço como presidente do INIC, em 1983. Professor catedrático jubilado da Universidade de Lisboa, em 1996, orador no Seminário Nacional de História da Matemática, organizado pela Escola Naval, no Alfeite, em junho de 2011, Dias Agudo defendeu um conceito de Ciência e Tecnologia marcado por uma visão de participação democrática, por uma conceção do valor intrínseco - vital ao exercício da ciência -, da liberdade e da autonomia, qualidades que deviam fazer parte de qualquer sistema formal de administração de ciência e tecnologia. Tais concepções largamente ecoam nos memorandos, pareceres e relatórios que o ACT conservou da sua atividade como gestor público de Ciência e Tecnologia nos anos 70 e 80. Fernando Roldão Dias Agudo foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública em 2004, tendo publicado em 2017 a obra «As minhas memórias, uma vida dedicada à ciência».

Localidade

Lisboa

Funções, ocupações e atividades

Investigador, docente e gestor público de Ciência e Tecnologia

Contexto geral

Último quartel do século XX. A documentação acompanha e ilustra um período importante da história contemporânea portuguesa incidindo em particular sobre os últimos anos do Estado Novo (anos 70) e sobre o período do 25 de abril de 1974 e anos subsequentes até 1992. Encontra-se pontualmente alguma documentação anterior compilada pelo produtor com o fim de estudar e avaliar antecedentes históricos, políticos e culturais, da gestão de ciência e tecnologia.

História custodial e arquivística

Documentação acumulada e conservada pelo produtor, Fernando Roldão Dias Agudo, na qualidade de presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica e do Instituto Nacional de Investigação Científica, relacionada portanto com o exercício de atividade como administrador de ciência e tecnologia. A tipologia documental pode considerar-se homogénea sendo constituída maioritariamente por documentos escritos. À data da incorporação no ACT, parte da documentação encontrava-se acondicionada em dossiês temáticos mais ou menos intactos, enquanto outra parte havia sido amalgamada, p.e., documentos do INIC a par de documentos da JNICT. Sempre que possível foram mantidas as sequências originais, respeitando embora os dois grandes conjuntos temáticos originais relativos à Junta ou ao Instituto.

Fonte imediata de aquisição ou transferência

Incorporado por doação do produtor em 2018

Âmbito e conteúdo

Documentação relacionada com as funções de administração de ciência e tecnologia que Fernando Roldão Dias Agudo desempenhou em duas entidades de âmbito nacional, a Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica que presidiu entre outubro de 1974 e setembro de 1976, e o Instituto Nacional de Investigação Científica de cujos quadros fez parte logo em 1977 e que veio a presidir entre 1980 e 1983, ano em que renuncia ao cargo para regressar à Faculdade de Ciências de Lisboa (conforme Despacho nº 119/ME/83: «tendo em conta a vontade expressa pelo prof. Dr. Fernando Roldão Dias Agudo, considera-se dada por finda a comissão de serviço que vinha exercendo como presidente do INIC a partir de 1 de dezembro de 1983»). Constituído por numerosos documentos autógrafos, o Arquivo de Fernando Roldão Dias Agudo é particularmente relevante para a história das políticas de Ciência no último quartel do século XX, com especial enfoque na década de 70 e no período após o 25 de abril de 1974 - ilustrando em particular a mudança de regime político e suas consequências na (in)definição das políticas institucionais para a Ciência e a Tecnologia, como para o ensino superior e a investigação científica em geral: oscilando entre as tutelas da Educação, da Cultura e do Planeamento. Nomeado em Comissão de Serviço para a presidência da JNICT, em 1974, Dias Agudo sucedeu pois a João Salgueiro, tendo que enfrentar a difícil tarefa de manter a integridade da Junta - órgão criado em 1967, ainda sob o Estado Novo - perante pressões externas e internas, modelos de governação divergentes, indecisões políticas várias que praticamente culminaram na extinção do organismo e em grande medida vieram comprometer a sua real capacidade de intervenção pública. Neste período e no plano internacional, todavia, novas dinâmicas nos modelos de gestão das ciências emergem, num novo quadro de relações internacionais - em fóruns multilaterais como em relações bilaterais - em que Portugal se inscreve. Dias Agudo assume a representação de Portugal em diversos fóruns de Ciência e Tecnologia, por inerência das funções que desempenha como presidente da Junta. Assim, em 1976, é nomeado (por Despacho nº 19/76 de 2 de novembro), «delegado do Ministério da Educação e da Investigação Científica para contactos e estudos relativos ao Convénio de Cooperação Cultural e Científica entre Portugal e a URSS... delegação posteriormente estendida aos contactos com todos os países da Europa de Leste...», sendo também «Delegado nacional no Comité para a política científica e tecnológica da OCDE», no mesmo período. É também Dias Agudo o promotor de uma reforma dos organismos de ciência, de uma distribuição mais racional das funções partilhadas de administração de C&T, nos negócios públicos. Colaborador do diário «Jornal Novo» em 1975, para os assuntos de ciência, tecnologia e desenvolvimento, investigação e ensino superior, preocupado com os destinos incertos dados aos centros de estudos do antigo Instituto de Alta Cultura (IAC) - bem como com as indefinições em matéria de políticas de C&T, Dias Agudo será igualmente uma voz ativa dentro do novo Instituto Nacional de Investigação Científica - INIC - nascido da cisão e extinção do IAC, em 1976. Ao assumir funções como presidente deste Instituto num período marcado por turbulências políticas e acelerada obsolência institucional, Dias Agudo logrou defender a investigação científica nas universidades bem como a sua especificidade frente aos intentos agregadores da JNICT. Ainda como presidente do Instituto e representante do então Ministério da Educação e Ciência no Grupo de Trabalho constituído (Despacho normativo de 18 de maio de 1981), coube a Dias Agudo acompanhar o «Exame à política científica nacional» conduzido por uma equipa técnica da OCDE, entre 1981 e 1983, pela parte da investigação universitária. Fez igualmente parte do Conselho Geral da Comissão Nacional da UNESCO, no mesmo período, representante numa «Comissão Nacional para a Investigação Científica e Tecnológica» criada por Despacho do Ministro da Cultura e da Coordenação Científica (no VIII Governo Constitucional, 1982-1983), Francisco António Lucas Pires (Despacho nº 105/82 publicado no DR II série, nº 174, de 30/7/1982), com o fim de «relatar o estado de informação científica e técnica em Portugal...», na época, representou Portugal em diversas conferências internacionais sobre investigação científica, como o «2º Congresso pan-europeu de instituições de investigação científica» que decorreu em Roma, no CNR, entre 29 e 30 de maio de 1981, ou a «Fifth Parliamentary and Scientific Conference - Technology and Democracy - Impacts of technological change on European Society and Civilization - Council of Europe» Helsinki/Strasbourg 3-5 june 1981, circunstâncias igualmente documentadas no Fundo Dias Agudo.

Assinaturas

Fernando Roldão Dias Agudo; Fernando Dias Agudo; Dias Agudo

Sistema de organização

Documentação reacondicionada e organizada em função de datas e assuntos, respeitando globalmente a ordem procedente do produtor, relaciona-se e eventualmente completa a informação de dois Arquivos conservados no Arquivo de Ciência e Tecnologia da FCT, o da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica e o do Instituto Nacional de Investigação Científica.

Condições de acesso

Decreto-lei nº 16/93, de 23 de janeiro, Regime geral dos arquivos e do património arquivístico (alteração: Lei nº 14/94, de 11 de Maio); Lei nº 67/98, de 26 de outubro, Lei da proteção dos dados pessoais; Lei n.º 26/2016, de 22 de agosto, Lei de acesso à informação administrativa e ambiental e de reutilização dos documentos administrativos; Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD); Despacho n.º 34/CD/2011, de 5 de dezembro, Regulamento de Acesso ao Arquivo Histórico da Ciência e Tecnologia da FCT.

Condições de reprodução

A reprodução de documentos facultada pelo ACT obedece a legislação aplicável.A reprodução documental feita pelos utilizadores, independentemente da tecnologia (máquina fotográfica, scanner), requer autorização prévia.Fonte consultada:Regulamento do Arquivo Histórico de Ciência e Tecnologia da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P.

Idioma e escrita

Português (por), contendo documentos noutros idiomas tais como Inglês (eng), Castelhano (spa), Francês (fra), Italiano (ita).

Características físicas e requisitos técnicos

Estado de conservação regular no seu conjunto contendo esporadicamente alguns documentos em mau estado

Instrumentos de pesquisa

Tabela